sábado, 21 de abril de 2012

Coleciona (dor)

Do nada ela derruba os livros que se encontravam em cima da mesa de jantar, e de imediato grita como se alguém estivesse te escutando:
- Droga, onde eu ando com a cabeça?
Já sabendo que essa sua indignação não seria respondida, ela pegou os livros da faculdade que estavam jogados pelo chão e ajeitou novamente na mesa, que ultimamente só era usada para deixar todas as tralhas que ela carregava. Não sabia quando tinha sido o último jantar ou muito menos a última conversa ali naquela mesa. Fazia tempos que o Roberto tinha ido embora. E desde esse dia que ela vem se tornando uma pessoa sem ânimo ou até mesmo chata, como dizia suas amigas.
Chega em casa do trabalho às 7 horas. Toma banho, deixa a toalha em cima da cama. Decide comer algo, abre a geladeira mas não tem nada além de água. Decide que vai fazer algo rápido e simples para comer, mas tem que lavar pratos, panelas e talheres porque há semanas eles estão lá. Faz um macarrão instantâneo e ali em meio a tanta sujeira lembra de como era feliz ao lado do grande amor de sua vida. Lembrava também de como ela fazia questão de ser uma boa esposa, dona de casa e uma adorável companhia. Pena que em meio a tantos erros, ela tenha preferido a solidão de um quarto vazio e de um coração coberto por tanta mágoas. Não sabia muito bem o que tinha acontecido com ele. Muito menos queria saber. Talvez ele tenha voltado pra a cidadezinha em que nasceu e lá tenha encontrado uma pessoa melhor. Tanto faz. Aqui ela ficava com saudade somente do tempo feliz em que viveu ao longo dos 7 anos de casamento. E dos sentimentos que restavam, ela os mantinha cuidadosamente numa espécie de coleção. Guardados sigilosamente dentro do lugar mais importante que ela tinha: seu coração.




/Thamires Figueiredo

8 comentários:

Marcelo R. Rezende disse...

A gente nunca sabe do fim, não?
São sempre muito estranhos.

sophie disse...

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=382888585089054&set=a.382786995099213.91159.264167150294532&type=3&permPage=1
Ajuda-me a passar à segunda fase e mete gosto, se poderes divulga, pf! obrigada:)

Sabrina Nunes disse...

Cada um tem seus motivos e guarda sempre o que importa no coração. Te sigo, beijos.

http://sabrinanunees.blogspot.com/

Anônimo disse...

"A boca fala do que está cheio o coração" Lc 6:45

- Sempre temos que ter cuidado com o que enchemos nosso coração.

Parabéns pelo blog e obrigada por me seguir.
Beijos.

Gabriela Freitas disse...

De vez em quando também prefiro ficar só presa nas lembranças, acho que a saudade ameniza quando você faz coisas que te lembram quem te faz falta. estava com muitas saudades das tuas palavras...
Seu blog está lindo.

Ale disse...

Thamires: algumas separações fazem a gente 'perder o rumo'...

Cala-se a casa... Fica o vazio...

E o coração repleto de saudades ( muitas vezes, amor)...



Bjkas

DBorges disse...

Se a gente vivesse esperando ou imaginando que o fim está próximo certamente nossos dias seriam mais bem vividos e aproveitados.

Flá Costa disse...

Olá querida que gostoso seu cantinho. De verdade... adoro textos assim, intensos.Fazer a gente mergulhar e não ter medo de se afogar!

Beijoca