Pediu licença aos convidados e "correu" pro quarto. Não aguentava mais todos aqueles sorrisos falsos e aquelas conversas antipáticas sobre moda. Estava com a cabeça longe demais pra conseguir ter saco para escutar garotas mimadas. Não sabia porque seus pais adoravam aquelas reuniões e ainda faziam questão de que ela estivesse presente. Não sabia até que ponto era diferente de todas aquelas pessoas hipócritas, mas tinha certeza que não era igual.
Almejava coisas diferentes, gostava de sonhar conhecendo o mundo, os costumes e a cultura de outros países. Mesmo sabendo que seria uma coisa praticamente impossível, adorava ter seus sonhos de olhos abertos.
Depois do acidente que teve há 6 anos atrás, não sabia mais o que era fazer algo sem ter seus pais por perto. Não sabia o que era ter vida própria. A cadeira de roda tornou-se seu meio de locomoção. Desistindo das aventuras que um dia fez tantos planos, acabou virando essa pessoa sem amigos, sem sorrisos, sem muita conversa. Não saía, não tinha ânimo e nem se esforçava pra sair dessa situação. Mas nunca parou de sonhar e de se imaginar fazendo tudo que tinha vontade de fazer.
Sua realidade era dolorosa, triste e solitária. Mas tinha nos sonhos o conforto pra a vida que ela deixou morrer.
/Thamires Figueiredo.